Santa Cruz exclui vídeo da coletiva de Schulle após declaração homofóbica e críticas à diretoria

O clima não anda dos melhores no Arruda. Ainda que o time tenha apresentado bom desempenho ao longo da temporada, até aqui, com um empate e uma vitória heroica contra o Treze/PB, na última terça, pela Série C, as declarações do técnico Itamar Schulle nas coletivas de imprensa, desde o início da temporada, cobrando reforços e, indiretamente, tecendo críticas à diretoria coral tem esquentado os bastidores do Santa Cruz.

Prestes a encarar o Botafogo/PB, neste domingo, no Almeidão, pela terceira rodada da Terceirona, o técnico concedeu entrevista pré-jogo à assessoria de imprensa nesta sexta (21), respondendo a perguntas enviadas pelos setoristas do clube. Na ocasião, Schulle realizou uma série de críticas a um profissional da imprensa, sem revelar o nome do jornalista, e, nesse meio termo, reproduziu uma fala homofóbica ao citar uma situação com o meio-campista Jeremias. Discurso que levou o clube a retirar do ar o vídeo que transmitia a coletiva ao vivo.

“Eu falo as coisas aqui e me admiro com o que eu ouço. A gente colocou Célio, que era a única opção. Eu consegui ouvir alguém da imprensa dizer, uma pessoa da imprensa, não todos, que eu entrei com a equipe errada com Célio na lateral. Mas antes, Célio era para ser lateral, ai eu coloco Célio na lateral e já está errado. Umas coisas assim que eu não me deixo levar. Tenho a minha convicção e a minha convicção foi que me trouxe aqui. Na minha convicção, sempre vou me manter alheio a opiniões de A ou B. A gente fica prestando atenção no nosso trabalho”, introduziu.

“Como foi aqui no jogo, essa mesma pessoa disse que eu não gosto de Jeremias. Jeremias pediu a mim para sair, porque não estava mais em condição de ajudar a equipe. É um profissional, que viu que não podeia mais contribuir com a equipe
e pediu para sair. Nos últimos jogos, eu comecei jogando com Jeremias, então que dizer…essa pessoa levanta coisas que são infundadas, são mentiras. Mas é claro, ele fica com o microfone na mão, fala o que quer e eu só tenho uma vez aqui para dizer que é mentira o que essa pessoa fala, porque Jeremias é meu amigo”.

“Aliás, a minha pergunta para essa mesma pessoa: quando foi que Jeremias jogou de titular no Santa Cruz e teve continuidade sem ser comigo? Não teve. Gosto muito desse jogador. Aliás, antes do jogo do Botafogo/PB, queriam que eu o mandasse embora. Ele fez dois gols e mudou para “o mito”. Eu me lembro de quando botava Jeremias: ‘Itamar tem alguma coisa com Jeremias’. Como é que eu vou ter alguma coisa com Jeremias? Só falta alguém achar que eu sou veado, gay. Eu botei Jeremias, porque eu achava que ele deveria jogar. Mas era criticado. Ele fez dois gols, agora é o contrário. A gente fica chateado com coisas que não são verdades”, disse Itamar Schulle.

Vale lembrar que homofobia é crime. Desde junho do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passe a ser punida na Lei de Racismo (7716/89), com pena de um a três anos, além de multa, sendo um crime inafiançável e indiscritível.

O treinador catarinense também falou da saída do lateral-esquerdo Fabiano, que teve a rescisão de seu contrato com o Santa Cruz oficilizada nessa quarta, através de publicação no Boletim Informativo Diário (BID), da CBF. O atleta deixou o Tricolor para defender o Operário de Ponta Grossa, que joga a Série B do Brasileiro. No trecho, Schulle diz que faltou “esforço” para segurar o jogador no Arruda.

“Nós não tínhamos problemas aqui no Santa Cruz. Eu volto a dizer, eu gostava muito do Fabiano. Mas tinha gente que não gostava de Fabiano. Eu, treinador, gostava. Fui eu quem indiquei Fabiano. ‘Ah, mas Fabiano errou um pênalti e Fabiano não presta mais’. Mas fez um gol da vitória aqui num jogo pelo campeonato de Pernambuco. Com Fabiano, nós tínhamos a melhor defesa do país, Série A, B, C. Aí, Fabiano não serve? Eu acho que foi feito pouco esforço para que ele ficasse. Ele deveria estar aqui. Nós não tínhamos problema, mas Fabiano foi embora. Foi para o Operário da Série B. Lá na Série B ele serve, aqui, para alguns, não servia. Não tinha problema, agora criou um baita de um problema”, acrescentou.

Não é a primeira vez que o treinador coral faz duras críticas à diretoria do Santa Cruz. Schulle chegou a ser chamado a atenção internamente em algumas ocasiões após conceder entrevistas. E, por um período, até adotou uma linha mais cautelosa, principalmente ao se referir à demora para a chegada de reforços. Na última entrevista coletiva, por exemplo, após o triunfo de virada do Tricolor sobre o Treze, no Arruda, o técnico, quando perguntado sobre a necessidade de contratações para o seguimento da Série C, evitou tocar no assunto, dizendo que não iria mais falar sobre isso.

Do Portal FolhaPE

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