O Sport foi julgado pelo STJD na manhã desta terça-feira (12) e punido com oito jogos de portões fechados em competições organizadas pela CBF, por conta dos ataques ao ônibus do Fortaleza, no final de fevereiro.
Entre as principais justificativas dos cinco procuradores esteve o fato do Leão não ter garantido a segurança do veículo do time cearense durante o trajeto da Arena de Pernambuco até o hotel.
Em nota, o Sport afirmou que irá recorrer da decisão, já que ela foi tomada em primeira instância e tem esta prerrogativa de defesa.
“Não se pode novamente tratar de um tema tão complexo, que hoje é uma chaga nacional, de maneira tão rasa. Não é possível ir pelo caminho de decisões comprovadamente ineficazes só para criar uma falsa sensação de justiça que nada reflete na realidade e que em nada resulta na redução da violência. É só mais uma cortina de fumaça”, disse um trecho da nota.
VEJA A NOTA NA ÍNTEGRA:
O Sport Club do Recife se posiciona contrário a punição imposta pela Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), na manhã desta terça-feira (12). A vice-presidência jurídica do Rubro-negro vai recorrer dessa decisão descabida e injusta.
Não se pode novamente tratar de um tema tão complexo, que hoje é uma chaga nacional, de maneira tão rasa. Não é possível ir pelo caminho de decisões comprovadamente ineficazes só para criar uma falsa sensação de justiça que nada reflete na realidade e que em nada resulta na redução da violência. É só mais uma cortina de fumaça.
Pelo contrário. Esse tipo de punição coletiva, na verdade, atinge milhões de torcedores inocentes e instituições com centenas de trabalhadores, profissionais e prestadores de serviço, deixando justamente o caminho livre para os verdadeiros criminosos cometerem atos de covardia e violência, como aconteceu no dia 22 de fevereiro. Criminosos que continuam soltos por aí, sem nenhuma responsabilidade dos atos e que seguem aterrorizando a todos que vivem o futebol brasileiro, independente de time, cidade ou Estado. O Sport não pode ser responsabilizado por isso!
Punir uma instituição que não tem nenhuma relação com a torcida organizada, que cumpriu com todas as orientações de segurança e que não tem nenhum poder de Estado para coibir bandidos pela cidade não é fazer justiça. É querer mostrar serviço sem atentar para o verdadeiro problema. A punição, além de não resolver, acoberta e tira o foco e a pressão de se investigar os culpados e as organizações criminosas por trás dos atos.
Não punir esses indivíduos, e sim os clubes, é um caminho desleixado para um problema tão sério. Estamos vivendo um problema social e não desportivo. Uma crise de segurança pública, de norte a sul, rodada após rodada. É preciso entender e levar a sério a complexidade do tema. Cobrar atitude dos órgãos responsáveis. Afinal, nenhum clube do Brasil vai resolver esse grave problema sozinho.
Só com comprometimento total do poder público, responsabilidade, rigidez e cooperação dos serviços de inteligência é que vamos avançar.
JURISTA DIZ QUE PRECEDENTE FOI ABERTO:
Segundo o advogado e doutorando em Direito Processual, Marco Aurélio Peixoto, a condenação do STJD abriu um precendente sem iguais no que se referem a punições no âmbito esportivo.
“O STJD decidiu que é dever da agremiação mandante promover a segurança pública do momento em que o time visitante chega à cidade em que vai jogar, até o momento que ela vai embora. Então me parece que, a partir de agora, os clubes de futebol precisarão contratar segurança privada e usurpar da função atribuída à segurança pública, como prevê a Constituição Federal”, inicia.
“Pelo que eu vejo, os times vão ter que receber a delegação visitante no aeroporto? escoltar até o hotel, do hotel até o treino, escoltar os jogadores que quiserem sair nas ruas. Segundo o que disse o STJD, é isto”, complementa Marco Aurélio.
Informação do Diario de Pernambuco