A grande amiga de Moraes Moreira no Recife

Moraes e Rosália (Foto: Divulgação)

Em um dos tantos áudios corriqueiros que Moraes Moreira enviava para a pernambucana Rosália Zírpoli, sua amiga de longa data, ele passou a confessar a dor de estar só nestes dias de isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus. Mais especificamente no domingo, 29 de março, ele admitiu a solidão. “Ró, estou com a voz assim porque eu estava chorando, saudade de Bia e da minha cachorrinha, Flor. Ela mandou uma foto aqui”, justificava ele, com voz rouca e em tom de desabafo, sobre a falta de sua enteada e de seu pet de estimação.

Era o trecho inicial de uma conversa que denotava o quão angustiante parecem ter sido esses últimos dias do músico baiano, 72, em sua residência na Gávea, Rio de Janeiro. Local em que, na manhã desta segunda-feira (13), seu corpo foi encontrado, causando comoção à amiga a quem carinhosamente ele chamava de “Ró”. “Eu ainda não acredito. Nós nos falamos no sábado à noite. No domingo, enviei uma mensagem para ele e ele chegou a visualizar e, depois, sumiu”, conta ela, em conversa com a Folha de Pernambuco.

Amigos desde a década de 1990, Rosália acompanhava de perto o Moraes Moreira “dos bastidores”, inclusive em sua última passagem pelo Recife para apresentação na prévia Enquanto Isso na Sala de Justiça, ocasião em que os lendários Novos Baianos subiram ao palco do Classic Hall. “Foi quando o vi pela última vez e já percebia ele meio chateado, meio assim… E essa coisa da quarentena estava deixando ele angustiado, fato que fez com que nos falássemos quase que diariamente”, complementa.

Mencionando Moraes como um “grande, grande, grande, grande amigo”, Rosália lamenta o fato dele estar morando sozinho, fato que somado a todo o caos que a situação atual tem causado a todos, serviu como gatilho para ele esboçar seus sentimentos de angústia, confessados a ela através de mensagens e telefonemas. “Ele dizia que não estava entendendo esse momento do mundo, se dizia solitário e dizia que não ia aguentar muito tempo. Até propus a eles um dia desses que iria buscá-lo de carro”.

Neste último domingo (10), às 6h12 da manhã, Rosália mandou ao amigo baiano um “Hoje amanheci de ovo virado”. Com os tais dois tracinhos azuis que acusam a leitura de mensagens enviadas pelo WhatsApp, Moraes chegou a ler. Pela última vez, não se sabe. Mas foi em tom de intimidade que, sem saber, ela se despedia de um grande, grande, grande, grande amigo. 

“Acho que ele morreu no domingo de manhã. Ele também chegou a ver umas fotos que enviei do André, meu marido, que fez aniversário nesta fim de semana. O Moraes estava bem, ao menos ele dizia que ia bem do coração, e entre uma conversa e outra, havia também alegria em sua voz. Soubemos que ele havia levado uma queda há umas semanas atrás… Não era o momento para ele estar só. Nem tô acreditando”, finaliza Rosália, não sem, antes, reforçar a continuação do áudio enviado por ele no domingo, 29 de março. “Aqui na solidão do isolamento, mas nunca esqueci dos verdadeiros amigos e das pessoas que amo, principalmente as de Pernambuco, tá? Tô muito emocionado”.

Do Portal FolhaPE

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