Jogadores acusam empresário de os iludir e abandonar time em Las Vegas

O sonho de iniciar uma carreira internacional como jogador de futebol em um time recém-criado que teria estrutura de primeiro mundo acabou se transformando em um pesadelo para o elenco do Las Vegas United, clube fundado pelo empresário Marcio Fernandes Granados, mais conhecido como Marcio Granada, em Las Vegas, nos EUA. Ex-jogador de futebol com passagens pelo time de base do Palmeiras e por times pequenos da Europa, Granada vem acumulando denúncias de jovens brasileiros no exterior.

Atraídos pela oportunidade de jogarem internacionalmente em uma liga semiprofissional, atletas com idade entre 19 e 21 anos participam de peneiras realizadas no Brasil pelo empresário, que promete um “contrato de intercâmbio” no Las Vegas United com duração mínima de três meses e hospedagem por tempo de contratação em apartamento mobiliado, transporte para os treinos e o jogo, além de “disponibilização de alimentos básicos para confecção das refeições no próprio apartamento”. Em troca, cada jogador precisa desembolsar um valor que varia entre US$ 2,5 mil e US$ 5 mil (de R$ 8,5 mil a R$ 17 mil) para cobrir o que Granada chama de “custos de transferência”. Além disso, eles são responsáveis por cobrir seus próprios custos de viagem, incluindo passagem de ida e volta para o Brasil.

Las Vegas United (Foto: Evelyn Rodrigues)Jogadores do Las Vegas United se preparam para jogar em campo público nos EUA (Foto: Evelyn Rodrigues)

Quando esses jogadores chegam a Las Vegas, no entanto, a história muda:

– A maioria das coisas (não se cumpriu). A premiação, as fotos que ele mostrava da casa, realmente é a mesma, mas ele falou que ia ter roupa de treino, de viagem, as camas que a gente dorme são camas infláveis, dá uma baita dor nas costas, a maioria das coisas que ele falou que a gente ia ter aqui, a gente não tem. Ele disse que teria uma premiação por jogo, que toda partida que a gente ganhasse teria uma premiação para ter uma ajuda de custo. Que a gente ficaria três meses em avaliação e que depois assinaria o contrato para ter salário. Tudo o que ele prometeu não foi cumprido de acordo com o que ele falou – revela Yago Costa, de 21 anos, que chegou ao time em janeiro e que, desde então, viu o Las Vegas United ser montado e desmontado.

No início do ano, 18 atletas dividiam dois apartamentos de três quartos localizado em um condomínio na região Norte de Las Vegas. Os garotos precisavam dividir uma verba de alimentação semanal de US$ 200 – o que dava em torno de US$ 1,50 por dia (menos de R$ 5) para cada um deles se alimentar. Hoje, sete atletas ainda continuam hospedados nas duas casas. A última verba de alimentação enviada por Granada foi ainda menor: US$ 183, o que dá uma média de US$ 3,70 (R$ 13) por pessoa por dia para comer. O dinheiro chegou com dias de atraso e depois de os meninos negociarem muito com o empresário.

– Comida, ele deixa a gente quatro, cinco dias sem mandar o dinheiro da comida e a gente tem que ficar se virando…Ele manda US$ 100 dólares para cada casa. Na época tinha 9, pra uma semana, o que não dá pra muita coisa. Dá para o básico do básico. Isso quando a gente não coloca nosso dinheiro. Quando a gente não paga a mais – afirmou Lucas Henrique, um dos atletas do time.

Las Vegas United (Foto: Evelyn Rodrigues )Jogadores do Las Vegas United dormem em colchões de ar (Foto: Evelyn Rodrigues )

A informação é confirmada por Yago:

– Ele nunca foi pontual, mas quando o técnico foi embora, as coisas começaram a desandar mais ainda. A gente já ficou quatro dias sem café da manhã e tinha treino, então a gente só almoçava, porque o dinheiro que ele mandava a gente só comprava uma mistura. Como a gente tinha pouco, não podia jantar, então a gente almoçava e deixava a mistura da janta pro almoço do outro dia, senão ia acabar muito rápido e a gente ia ficar sem comer.

A notícia do racionamento de comida já se espalhou no meio do esporte. Em uma troca de mensagens por áudio a que o SporTV.com teve acesso, durante uma negociação com um novo jogador, Granada tenta explicar a sua versão para a falta de alimentação nas casas:

– O problema é que lá tem alguns atletas, e quando você chegar lá você vai ver, que comem que nem uns animal (sic). No contrato está que é a alimentação básica. E os caras quer que compre sucrilhos, essas coisas todas, são uns filhinhos de papai e eu não sou obrigado, entendeu? E outra coisa, toda segunda e quinta é o dia das compras. Acaba quarta e os caras ficam loucos, mas na verdade a comida tem que dar até quinta. Então é detalhe, irmão. Aconteceu isso duas vezes, mas em meio dia resolveu. O resto é tudo tranquilo.

Fonte: SporTV

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