Bacalhau do Batata, receita de sucesso ainda mais colorida

Foto: Arthur Mota

Bacalhau, cebola, batata, cenoura, pimentão, coentro, coco, alface… e o estandarte do Bacalhau do Batata estará pronto. Todos os ingredientes são cuidadosamente fixados na estrutura de madeira original, que desfila com a Troça Carnavalesca Mista desde 1962, e vão servindo de petisco ao longo do trajeto. “A gente passa colorau, por isso ele fica avermelhado. As pessoas vão tirando os pedaços do bacalhau no caminho e o estandarte volta cheio de buraquinhos”, diz a presidente da agremiação – e sobrinha do garçom-fundador Isaías Ferreira da Silva, Batata, falecido em dezembro de 1993 -, Fátima Araújo. Este ano, 30 músicos compõem a orquestra, regida por Adriano Babá, do Grêmio Musical Henrique Dias.

O desfile mais famoso da Quarta-feira de Cinzas se concentra no Alto da Sé, em Olinda, entre 9h e 10h, quando termina o Bloco Munguzá de Zuza Miranda & Thais (cuja concentração começa às 5h). De lá o trajeto é longo, mas não tão extenso, porque a multidão nem dá ideia de que o Carnaval, oficialmente, já terminou: vai pelo Bonfim, pela Ribeira e rua de São Bento; passa pela frente do prédio da prefeitura; pega as ruas 15 de Novembro, da Bica e 13 de maio, os Quatro Cantos e a rua Prudente de Morais; segue pela rua da Liberdade e termina na praça do Carmo, já por volta das 14h. Em torno de duas mil pessoas acom-panham esse trajeto, segundo Fátima.

O boneco do Batata, neste Carnaval, feito por Sílvio Botelho, mu¬¬da de figurino depois de 16 anos e ganha novas cores. E este será o último desfile do atual abre-alas, uma alegoria enorme feita de acrílico e alumínio, usada desde 1997, que virará peça do Museu do Alemão, no Alto da Sé.

“Não pensamos em tema. O Bacalhau homenageia meu tio sempre. A ele e a todos os garçons do Brasil. A motivação é que nos segue nesses 56 anos”, diz Fátima. Sem auxílios públicos municipais ou estaduais, o Bacalhau do Batata segue na raça. “Faz 17 anos que a Prefeitura de Olinda não nos ajuda. Em 2010, precisamos vender uma Brasília velha do meu pai, em retalhos, para termos dinheiro para colocar a troça na rua. Sem o Bacalhau, como fica a Quarta-feira de Cinzas?”, questiona e desabafa Fátima. Em tempo: acabado o desfile, o estandarte vira bacalhoada no leite de coco.

 

Do Portal FolhaPE

 

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